domingo, 15 de outubro de 2017

A Constituição social (capitalista) da juventude

A Constituição social (capitalista) da juventude


A juventude é uma invenção recente na história da humanidade, apesar da naturalização realizada pelas representações cotidianas e ideologias científicas. A juventude é uma produção da sociedade capitalista, através do processo de escolarização, meios oligopolistas de comunicação, ideologias científicas (medicina, psicologia, etc.), tornando-se um mercado consumidor específico clique aqui para ler um texto sobre isso).

Devido a situação social específica da juventude, surge a rebeldia e o processo de contestação (e não por razões biológicas como dizem as ideologias científicas), que pode ser assimilado pelo capitalismo (sendo domesticado e mercantilizado) ou reinterpretado para perder sua força política ("rebeldes sem causa") ou pode reconhecer suas raízes sociais e tornar-se um movimento revolucionário. Isso significaria que a juventude passaria de grupo social determinado para autodeterminado, ao invés de seguir a agenda e objetivos da sociedade capitalista, seguiria seus próprios objetivos de liberdade e emancipação, o que significaria articular sua luta com a dos trabalhadores e demais setores da sociedade que lutam pela emancipação humana).



As ideologias voluntaristas, individualistas, indeterministas, reforçam a ilusão de liberdade e ao fazerem isso contribuem com o caráter determinado da juventude, ao invés de contribuir com sua autodeterminação, Somente com a percepção da não-liberdade é que se pode lutar pela liberdade. A mentalidade competitiva, que atinge a toda a população, incluindo a jovem, é um dos obstáculos para isso e perceber que todo indivíduo é formado socialmente é fundamental para refletir e conquistar maior autonomia intelectual, elemento fundamental para a luta pela emancipação humana.

As lutas juvenis podem ser canalizadas para a ineficácia ou reprodução do capitalismo, adquirindo conotação meramente cultural (que faz parte da luta mas que é insuficiente), ou promovendo divisões nas lutas sociais, criando demandas isoladas e que dificultam a articulação com demais setores da sociedade. "Dividir para conquistar", escreveu Maquiavel, o livro de cabeceira da burguesia. As lutas juvenis só ganham maior amplitude quando são lutas contra o capital e a favor da autogestão social. A recusa do mundo adulto não é um "conflito de geração" e sim uma luta contra o capitalismo e o mundo hipócrita, falso, mercantil, competitivo, que é negação da natureza humana, tal como se vê na música abaixo: O mundo adulto é o mundo capitalista, que busca garantir a reprodução das relações de produção capitalistas através da adequação à sociedade, ao trabalho, às obrigações civis, responsabilidades sociais, enfim, à alienação. Veja música (letra e música/vídeo) de Raul Seixas, "Sapato 36" (Meu Pai), clicando aqui.


 


Para ver a letra dessa música, clique aqui. Assim, a luta da juventude pode assumir maior radicalidade e contribuir com as lutas operárias e de outros setores, tal como ocorreu no final da década de 1960. Leia mais sobre juventude e lutas juvenis, clicando aqui.

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